Com o tempo, fui me calando cada vez mais. As palavras pareciam inúteis, e o silêncio se tornou um escudo. Eu me tornava mais triste, mais sensível, mais carente, mas sem conseguir entender nada sobre mim mesma. Era como se eu estivesse sendo apagada aos poucos, sem nem perceber.
À noite, o medo tomava conta de mim. O escuro parecia imenso, ameaçador, como se me engolisse. Eu não dormia. Ficava de olhos abertos, tentando afastar o terror que crescia dentro de mim. O silêncio da casa não era reconfortante; era esmagador. Desenvolvi um medo de dormir sozinha que me perseguiu até a adolescência. As sombras no quarto se transformavam em monstros invisíveis, e a sensação de abandono se intensificava quando todos já estavam dormindo, quando não havia ninguém acordado para me salvar da minha própria mente.
Pouco a pouco, fui me perdendo em meio a tudo o que guardei. Meu mundo interno se tornou um labirinto de sensações que eu não sabia nomear.
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